Ele tinha entrado pela porta com a indiferença do peso que a veste lhe trazia.
O livro escuro na mão trêmula reluzia nos olhos brancos do enfermo pulsante a viver.
As palavras me feriram pelo vazio impreciso em que me recuso a preencher.
Os olhos, já não mais brancos, ganharam o vermelho do sangue e a exaustão do tom.
O silêncio cortante me dilacerava dos pés aos pulmões com rajadas de dúvidas e sufoco.
Sem mais palavras, ele juntou as mãos dele às suas e fez em voz baixa a prece vocativa do perdão.
A cruz, preta ou azul, não trazia nada mais do que uma simples forma.
Os pensamentos mudos domaram sua cabeça e as pernas compridas arrastaram o corpo para fora da porta.
O toque gelado dos olhos-sanguíneos paralisou minha incógnita a ser escrita.
- Taís, eu vou morrer?
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Eu tinha um não na ponta da língua e uma tímida dúvida do sim no centro de minha razão.
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